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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Perdendo a sensibilidade?

Em primeiro lugar eu queria comunicar que o que eu vou declarar aqui aconteceu de verdade e que eu não sou um monstro cruel, tudo ficou bem no final.

EU ATROPELEI UM CACHORRO.

É, eu sei. Sou má. :(
Mas, foi sem querer e foi devagar. Explicarei.

Eu estava saindo do Fórum em que trabalho hoje, quando cheguei na ladeirinha do estacionamento, estava super atenta para nao arranhar meu retrovisor no muro que é muito perto da saída e também fiquei atenta aos pedrestes, antes de eu chegar na avenida.
Pra quem não sabe, em Sao José de Ribamar/MA, MUITA gente anda a pé e nas calçadas da avenida principal (Gonçalves Dias) e na frente do Fórum não é diferente.

Então, segui a 10km/h para chegar na avenida, e olhei para a menina que passava na calçada. Freei, e em seguida continuei meu trajeto.
E ai?
E ai eu sinto um solavanco, eu passando, esmagando uma coisa que levantou o pneu da frente do lado direito. Ainda com os vidros fechados eu pude ouvir os gritos da cachorrinha que mora no fundo do Fórum. Ela saiu andando, meio mancando inicialmente, e ficou lá latindo bem alto.
FOI HORRÍVEL.
Achei que ia morrer (que EU ia morrer) e não a cahorrinha, só de dó e de remorso por não ter visto que ela tava lá deitada na calçada. Mas, pelo contrário. Sobrevivi e ainda por cima descobri que eu ando mais amarga do que imaginava.
Fui recriminada visualmente por um cara que usava o telefone público e por todos que ali passavam. Mas, eu nao me importei, só olhava para a cachorrinha, de dentro do meu carro. Depois da dor inicial, ela continuou andando e já sem mancar, deitou-se novamente, mas ainda assustada.

Ela não morreu (graças a Deus, senão eu sei lá, eu morria junto de culpa) e nem ficou ferida nem nada. Acho, que foi porque eu nao tava nem a 15 km/h e só fiz passar por cima dela (sentiram a "naturalidade" das minhas palavras?é nesse ponto que eu quero chegar)...
Ainda tô com o som do latido dela na minha cabeça e com uma sensação de culpa enorme. Mas, me pergunte: eu não sou mais a mesma.
Em tempos não muito remotos, eu desceria do carro, teria no mínimo lágriimas tímidas e me certificaria de toda forma de que ela estava bem. Mas, hoje, não. Não fiz isso e caí na real de que eu ando mesmo mais fria e insensível.

É claro que não fiz de propósito, mas isso me serviu de lição para eu além de prestar um pouco mais de atenção no volante, também na minha vida e em quem eu estou me tornando.
Eu era super sensível, bobona, amorosa, sonhadora e mais humana e sinto saudade disso. A impressão é que eu me machucava muito mais, é verdade. Mas, eu prefiro sofrer a virar uma pedra. E eu não quero virar uma pedra e ser dura e fria pro resto da minha vida, mas o instinto de proteção é aguçado demais e isso tem sido uma evolução constante dentro do meu dia-a-dia.
Eu quero mesmo minha sensibilidade de volta.